Arquivo do mês: maio 2007

DVD Agoniza com a Pirataria Digital

O DVD (Digital Vídeo Disc) – também conhecido como Digital Versatile Disc – surgiu no Japão em 1996 e no ano seguinte nos Estados Unidos e no Brasil. Com pouco tempo de mercado, logo se tornou alvo de pirataria.

Pouca gente tem conhecimento de que, hoje, a pirataria do DVD é um grande problema para os estúdios de Hollywood. O prejuízo é difícil de calcular, principalmente porque o DVD é uma mídia ainda cara e a compra de filmes permanece além da realidade econômica de muita gente.

A pirataria do DVD ameaça de extinção o próprio modelo do disco. A indústria já anunciou que, em breve, os consumidores precisarão comprar novos aparelhos com proteção à pirataria, com o novo sistema Blu Ray (mas que já teve recentemente seu código anti-copia já quebrado, para desespero do mercado de vídeo).

CÓDIGO QUEBRADO

Enquanto a indústria e o cinema planejavam aumentar as vendas e a popularidade do DVD, a Internet ajudou a divulgar a quebra do código de segurança dos discos e a proporcionar o que antes parecia impossível: assistir a um filme de DVD sem precisar de um DVD–ROM.

O recurso que impede a cópia ilegal do DVD é o CSS – content scrambling system – que foi quebrado por um hacker norueguês. Até então, os filmes em DVD não podiam ser vistos em computadores com o sistema operacional Linux. Criado o DeCSS, programa para burlar a criptografia do DVD, os usuários de Linux estavam livres para ver filmes com seus DVD–ROMs.

O DeCSS foi alvo de processos judiciais, mas era tarde. Outras ferramentas de mesma finalidade também se espalharam. A partir da quebra da criptografia dentro do DVD, foi possível copiar o conteúdo para o disco rígido do computador. Daí surge o revolucionário formato DivX :–).

ENTENDA O DivX :–)

DivX :–) é a nomenclatura para definir um arquivo contendo imagem e som no formato AVI, que é propriedade da Microsoft. Os arquivos AVI são quase sempre usados para armazenar vídeos, formato bem conhecido dos usuários de computador. A diferença é que o AVI no formato DivX usa um algoritmo de compressão notadamente superior.

O DivX surgiu a partir de uma versão hackeada da terceira revisão do formato MPEG4 (MP4), feita pela Microsoft. O MP4 foi originalmente criado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) com a finalidade de comprimir vídeos em boa qualidade e tamanho final do arquivo reduzido. O MP4 apresentou–se como melhor solução frente aos concorrentes MPEG2 e ASF, sendo este segundo também propriedade da Microsoft.

A Microsoft fez sua própria revisão, incrementou–a e manteve o projeto guardado a sete chaves. Ninguém sabe ao certo como o MP4 da Microsoft caiu na internet, mas graças à empresa de Bill Gates os hackers puderam fazer um “milagre”: conseguir que um filme de DVD coubesse em um CD convencional, de apenas 650 Mb. Vale realçar que um filme em DVD ocupa, geralmente, 5 gigabytes de informação, algo em torno de 8 CDs.

O vídeo em formato MP4 é mixado com o som em formato WAV (wave) ou MP3, e apresenta como resultado um filme inteiro, de qualidade excelente, que pode ser visto no monitor em tela cheia e sem perda de nitidez. Ao ocupar entre 600 e 700 Mb, qualquer pessoa poderia copiar para um CD convencional – que custa menos de R$ 1,00.

A qualidade de um filme em DivX no monitor é praticamente a mesma de um VHS na televisão, com as vantagens que o computador pode proporcionar. Logo, o DVD virou alvo de pirataria, principalmente para quem possui conexão internet de alta velocidade e consegue baixar filmes inteiros em apenas algumas horas de download.

Um exemplo prático: com um computador potente e as ferramentas necessárias, o pirata pode alugar um DVD na locadora ou pegá–lo emprestado de um amigo, fazer a conversão para DivX, e colocar um filme dentro de um único CD, que poderá ser visto a qualquer momento, quantas vezes quiser e com a mesma qualidade do VHS. Um processo não muito diferente do que se faz hoje com o CD de música e o MP3.

Deve–se realçar que o DivX não é um formato pirata nem alude pirataria, assim como o formato MP3, utilizado em larga escala. Os decodificadores de DivX estão em estágio “alpha”, tratando–se de uma tecnologia nova e embrionária que só gera benefícios ao usuário – fusão de som e vídeo de excelente qualidade, com tamanho do arquivo reduzido e, conseqüentemente, menos tempo de download.

O uso indevido da compressão em DivX alerta a indústria e os estúdios de Hollywood, que buscam meios ou soluções para impedir a proliferação dos filmes, da mesma forma como a RIAA tenta impedir os MP3s não–autorizados.

Um fato é reconhecido pelo mercado: o atual modelo de DVD usado para filmes não tende a continuar vivo. Em breve, a indústria deve lançar um novo DVD, supostamente inviolável a tal tipo de pirataria, mas que poderá forçar os consumidores a uma troca de aparelhos.

Parte deste matéria foi publicada no Site Uol – Webinsider em 11/10/2000.

Daí dá para vocês perceberem que os problemas não começaram hoje.

Fernand Koda

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